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Você já sentiu um aperto no peito antes de uma conversa difícil? Ou percebeu que suas mãos ficam suadas em determinadas situações? E aquelas dores de cabeça que aparecem do nada, sempre que algo te preocupa? Isso não é coincidência. Seu corpo fala o que sua mente tenta esconder. Ficou confuso? Vou esclarecer!
Na psicanálise, compreendemos que temos um inconsciente, além da consciência que nos permite o contato com a realidade objetiva. Na verdade, ele cria uma realidade subjetiva, individual e até oculta da consciência, já que muitos dos seus elementos são insuportáveis de serem pensados objetivamente.
E esse inconsciente se manifesta, nos pensamentos que ocorrem “do nada”, naqueles ditos intrusivos, nos sonhos, nas palavras (sabe as entrelinhas de uma conversa? Ou a piada fora de hora, o dizer sem querer, querendo?!) e fala também através do comportamento e até do corpo.
Destaco duas falas importantes de Freud, pai da psicanálise, “o Eu não é senhor em sua própria casa” e “quando a boca cala, falam as pontas dos dedos”. Essas duas falas indicam as manifestações poderosas do inconsciente.
A primeira indica que nosso consciente é pequeno demais perto do nosso inconsciente, justamente porque não temos ideia da sua dimensão, muito menos controle sobre esse “ser” desconhecido que nos habita. E a segunda fala, diz exatamente sobre essa falta de controle, na qual, muitas das nossas emoções reprimidas encontram outras formas de se expressar. Quando algo nos angustia, mas não encontramos um meio de expressar isso em palavras, o corpo pode assumir esse papel.
O Corpo Como Mensageiro do Inconsciente
O inconsciente se comunica de diferentes formas, e algumas delas podem ser bem sutis. Como estamos sempre no modo automático, essa sutileza passa despercebida muitas vezes, ou ainda que vistas, ignoradas, pelo simples desconhecimento das ligações mente e corpo.
Se a mente está sobrecarregada, ansiosa, estressada, preocupada, traumatizada, bem como, excitada, alterada (quimicamente, por exemplo), eufórica, e nada disso é colocado para fora de forma simbolizada, ou seja, expressando, especialmente através da fala, permitindo demonstrar emoções, mas também de comportamentos (pessoas explosivas, por exemplo, tendem a “colocar pra fora”), artes, exercício físico, o corpo acaba por absorver toda a tensão dessa mente cheia e sinaliza que algo não está sendo bem processado.
Veja alguns exemplos:
🔹 Gestos e Expressões: Uma perna inquieta, um olhar desviado, um aperto involuntário nas mãos, um tique, um roer de unhas — pequenos gestos podem revelar inseguranças, medos ou desejos reprimidos. Muitas vezes, dizemos “está tudo bem”, ou simplesmente ignoramos a ação, mas o corpo está mostrando o contrário.
🔹 Sintomas Físicos: Dores de cabeça frequentes, tensões musculares, crises gástricas e até dificuldades respiratórias podem ter origens emocionais. O corpo encontra uma maneira de expressar aquilo que ainda não conseguimos elaborar psicologicamente.
🔹 Postura e Movimento: Pessoas que andam curvadas podem carregar simbolicamente um peso emocional. Já aquelas que evitam o contato visual podem estar lidando com insegurança ou medo de exposição.
Quando o Corpo Grita o Que a Boca Cala
Como disse, o corpo e a mente estão interligados. Existe um nome para isso: psicossoma (Psico = mente + Soma = corpo).
Um exemplo simples: quando você está com fome por muito tempo, pode ficar irritado e impaciente, mesmo sem perceber. Isso acontece porque a falta de energia afeta seu humor e sua capacidade de raciocinar com clareza.
Ou seja, o corpo influencia a mente tanto quanto a mente influencia o corpo.
Em muitos casos, os sintomas físicos aparecem como um pedido de atenção do nosso inconsciente. Eles podem ser uma forma de evitar algo que nos causa angústia, como um compromisso que não queremos enfrentar ou uma conversa que tememos ter. A famosa “dor de estômago” antes de uma situação difícil não é apenas física — é psíquica também.
Isso não significa que todo sintoma seja psicológico, mas é importante olhar com atenção e analisar se no sintoma apresentado há uma ligação corpo e mente, e, se houver, essa não deve ser ignorada.
E é aí que a psicanálise pode ajudar: ao criar um espaço para a fala, podemos traduzir esses sintomas em palavras e encontrar novas formas de lidar com as emoções.
Mas O Que Fazer para Mudar esse Padrão?
1️⃣ Observe-se: Preste atenção nos sinais do seu corpo. Quando e onde surgem os desconfortos físicos? Há algo emocional envolvido?
2️⃣ Permita-se Sentir: Nem tudo precisa ser resolvido racionalmente. Algumas emoções precisam ser vividas e compreendidas sem repressão.
3️⃣ Busque Ajuda Profissional: A terapia psicanalítica pode te ajudar a entender essas manifestações e dar um novo significado a elas.
Se o corpo está falando, vale a pena escutar. O que será que ele quer te dizer? 💭
Comenta embaixo: você já percebeu seu corpo reagindo a algo que sua mente não queria enfrentar? 👇
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